segunda-feira, 2 de abril de 2012


Dicio: dicionário de português

ENTREVISTA DA CASA DIA DE UBERABA




ENTREVISTADO:TADEU LUCIANO PEREIRA (PRESIDENTE DA CASA DIA DE UBERABA).



BCDUR - Qual o papel da Casa Dia?

“A Casa Dia é um espaço de inclusão social. E a inclusão é uma ação que vem combater a exclusão. Significa ainda dizer ser um espaço onde a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro ocorre pela aceitação e possibilidade de compartilhar conhecimentos com diferentes atores ou pessoas.
A proposta atual da Casa Dia é de acolher a todos sem exceção: sem distinção de classe, nível educacional, raça ou crença.
Assim a Casa Dia deixa de ser uma casa e passa a ser um processo de construção da sociedade, e é preciso entender que para haver essa transformação, repensamos nosso cotidiano e nossa história, bem como nosso ambiente físico, a nossa capacidade de interagir com as áreas de saúde, educação, trabalho, transporte, lazer e auto-gestão. Principalmente a Casa Dia tem a cada dia a necessidade de mudança da mentalidade acerca do assunto drogadependência, tema este bastante palpitante, que deve ser vista pelo seu potencial mais humano que institucional.
É preciso ainda que se leve em conta as igualdades destes desiguais e que, além da inserção do indivíduo no espaço, a lógica permeia sempre pela promoção, mesmo sendo considerado em espaço não escolar; tudo que se vê na atualidade sobre inclusão não se pode limitar somente ao cumprimento de normativas, até porque muitas são capazes de produzir legalmente a exclusão, o que vem sendo considerado por nós um mau mal compreendido, quando nos posicionamos pela necessidade de reorganização.
Muitas vezes ficamos impedidos em função do cumprimento das normativas, sem poder desacomodar e tratar o indivíduo no tema central da ajuda sob a lógica dos diferentes ritmos e necessidades, além das aptidões e potencialidades que a lei não prevê cobertura. Ás vezes nos sentimos como ilegais não podendo alterar determinados princípios, como se o que projetamos fosse apenas pura utopia. Caminhamos muito depois que conhecemos Clóvis Eduardo Benevides (atual subsecretário de Políticas Públicas sobre Drogas do Governo do Estado de Minas Gerais), que nos retirou do empirismo e nos trouxe a epistemologia, com a capacidade de aceitar e buscar novas mudanças com uma visão mais científica. Muitos profissionais puderam se capacitar e sair do campo de mera militância e insurgir nestas diferenças. E haja diferença nisso.
Realmente a formação profissional é necessária, mas o amor por quem se atende é muito maior; se assim não fosse estes espaços não poderiam ser considerados espaços de todos, o que possibilita a construção deste novo conhecimento. Quanto ao manejo institucional, este advém da leitura que fazemos da capacidade de cada um, assim deixamos que a pura expressão de idéias no campo empírico dê espaço à participação de todos no campo epistemológico. Diria que a Casa Dia, mais do que uma estrutura de cuidados em saúde é, sobre tudo, um espaço não escolar que tem buscado compreender que a diversidade de suas atividades é a qualidade que tem feito toda a diferença. Eu seria suspeito para falar deste sistema como se fosse um sistema comum, o que não o é - adotamos a inclusão como premissa maior, capaz de fazer da CASA um processo social de preparação para a vida e a cada dia a própria vida na Casa Dia." 

LEITURA DO DIA



“Vida é alegria, fé e esperança, mas a vida pode ser tristeza, dor e desespero. Assim foi e será a nossa vida enquanto adolescentes e jovens caminharem desenfreadamente no mundo das drogas, que destroem famílias e a sociedade.”
Extraído do Livro “Meu Filho Se Droga – Um Processo de Ajuda” – Padre José Sometti - p. 78

NOTÍCIAS DO MUNDO

POR DINHEIRO,ESPANHA PLANTA MACONHA

Mesmo sem saber reconhecer um pé de maconha, a espanhola Lourdes Bladé, 50, não vê a hora de plantar a erva. Desempregada há um ano, quer ser uma das 50 contratadas para trabalhar nos sete hectares de terra que a prefeitura de sua cidade, Rasquera, na Espanha, vai alugar para uma associação de autoconsumo de maconha cultivar a planta.
Projeto pioneiro na Europa, o convênio assinado no início do mês abre precedentes para redefinir a legislação no continente sobre o plantio e o consumo da droga, na opinião de especialistas. Países como a Holanda já estão analisando o caso.
O aluguel de terrenos para o plantio de maconha foi a maneira que a prefeitura de Rasquera, um povoado medieval de 950 habitantes a 190 km de Barcelona, encontrou para quitar dívidas acumuladas com a crise sem ter de apelar a medidas de austeridade e arrocho fiscal comuns no país ibérico.
Outras prefeituras espanholas -que, juntas, acumulam uma dívida de € 17 bilhões (R$ 40 bilhões), segundo dados do banco central espanhol -também discutem o assunto.
"Uma administração pública nunca esteve por trás de um projeto como este na Europa. Sabemos que cultivar Cannabis [sativa, nome científico da maconha] gera muitas dúvidas, mas a maioria dos políticos na Europa não quer se posicionar para não perder votos. Demos a cara a tapa, e acho que vai virar um valor agregado para Rasquera, além de nos ajudar a quitar dívidas e gerar emprego", disse à Folha o vice-prefeito do município, Román Borrás.
Pelo convênio firmado com a ABCA (Associação Barcelonesa Canábica de Autoconsumo), com validade de dois anos, a prefeitura receberá
€ 54 mil (R$ 127 mil) ao mês, além de € 30 mil a fundo perdido (R$ 71 mil) para deixar o grupo plantar pés de maconha em terrenos que eram destinados ao plantio de oliveiras, mas estão abandonados por causa da crise.
O produto final será totalmente destinado à associação, que usa a planta para consumo de seus 5.000 membros, dos quais 30% têm recomendação médica para tal, segundo a porta-voz da associação, Marta Suarez.
"Acho difícil que essa plantação tenha apenas fins privados. Estamos diante de uma transação milionária. Eles estão superestimando um possível efeito benéfico da maconha", afirmou o delegado do Plano Nacional sobre Drogas do premiê Mariano Rajoy, Francisco de Asís.
Surgida em 2010, no auge da crise, a ABCA viu crescer a demanda de sócios -aceitos após um processo de seleção e só se forem indicados por outros sócios ou tiverem recomendação médica. Começou, então, a buscar novos terrenos para o plantio e encontrou em Rasquera um ambiente propício.
Há sete meses, membros da associação fizeram a proposta para a prefeitura, que, mergulhada em dívidas de € 1,3 milhão (R$ 3 milhões) com fornecedores, aceitou ceder os terrenos. O plantio deve começar em julho.
Tanto a associação como a prefeitura usam brechas na legislação, que permite o cultivo de maconha para o autoconsumo e não penaliza quem o faça em sua propriedade.
Mesmo assim, a Promotoria de Tarragona, na Catalunha, onde fica o povoado, abriu investigação sobre o contrato. Os governos catalão e central, do conservador Partido Popular, são contra a medida.
Para garantir apoio ao convênio, membros da prefeitura de Rasquera estão visitando países da União Europeia. O município fará um referendo no dia 10 de abril, que deve aprovar o convênio.
"Não conheço muito, mas temos de andar para frente, não para trás. Estamos em crise", disse a moradora de Rasquera Teresa Ferió, 90.
Já moradores de municípios vizinhos se dizem contrários. "Se plantarem mesmo maconha, vou embora. Vim aqui buscando tranquilidade e paz", disse a romena Michaela Bechta, 30.



FOLHA DE SÃO PAULO 1 DE ABRIL DE 2012.
LUISA BELCHIOR ENVIADA ESPECIAL A RASQUERA (ESPANHA).

REFLEXÃO DO DIA



"CARTA DE UM JOVEM DROGADO"



                                            "VIDA SIM, DROGAS NÃO"

ESPIRITUALIDADE DO DIA

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize. João 14:27

 

MEDITAÇÃO DO DIA

   Atração

"A nossa imagem pública consiste naquilo que temos a oferecer, uma maneira bem sucedida e comprovada de manter um estilo de vida sem drogas.”

                                                                                                               Texto Básico, p.  02

    
Não há dúvida de que fomos recebidos com amor e aceitação por nossos companheiros adictos. O que atraiu muitos de nós para Narcóticos Anônimos foi o sentimento de que finalmente havíamos encontrado um lugar ao qual pertencíamos. Estamos oferecendo a nossos novos membros aquele mesmo sentido de pertencer? Não podemos promover Narcóticos Anônimos, mas, quando colocamos princípios em ação em nossas vidas, atraímos os mais novos membros para o caminho de NA, da mesma forma que fomos atraídos para a recuperação.
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Só por hoje: Eu vou trabalhar com um recém-chegado. Vou lembrar que uma vez fui um recém-chegado. Vou procurar atrair outros com o mesmo sentimento de pertencer que descobri em NA.
Sim, estamos atraindo novos membros. Mais e mais adictos estão encontrando Narcóticos Anônimos. Mas como tratamos nossos mais novos membros quando eles chegam, exausto de suas lutas com a adicção? Entramos em contato com os recém-chegados que estão sozinhos em nossas reuniões, confusos e inseguros? Estamos dispostos a dar-lhes uma carona para as reuniões? Damos atenção ao adicto que ainda sofre? Damos o número de nossos telefones? Estamos dispostos a atender a um chamado de Décimo Segundo Passo, mesmo que isto signifique levantar de nossas camas confortáveis no meio da noite? Trabalharíamos com alguém que tem uma orientação sexual diferente ou é de outra cultura? Somos generosos para doar o nosso tempo?