O maior ponto de tensão no texto aprovado na véspera na Câmara dos Deputados diz respeito à definição das faixas de vegetação a serem reflorestadas ao longo de rios. O governo defendia a legislação aprovada no Senado, mas foi derrotado ao ver a versão apoiada por ruralistas sair-se vitoriosa entre deputados.
O texto aprovado, entre outras medidas, deixa uma indefinição sobre as exigências de reflorestamento nas margens de rios com mais de 10 metros de largura.
"Qualquer questão que possa ser interpretada ou na prática signifique anistia, eu acredito que isso tem grandes chances de sofrer o veto", disse Ideli a jornalistas. "Nós vamos ter de aguardar, porque obviamente a decisão é soberana dela."
Ideli disse "lamentar" a votação na Câmara, fazendo coro ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) que, mais cedo, já havia demonstrado desagrado com a versão aprovada. Segundo ele, Dilma irá analisar o veto com "serenidade" e "sangue frio".
Parlamentares ligados ao setor agropecuário e defensores de mudanças ao texto aprovado por senadores argumentam que exigências muito rígidas em margens de cursos d'água podem inviabilizar a produção em propriedades, principalmente as pequenas.
Já os ambientalistas consideram que a flexibilização da ocupação nessas regiões premia aqueles que desmataram e prejudica quem obedeceu às leis ambientais.
"Poderíamos ter avançado mais. Poderíamos ter saído dessa votação com algo um pouco à frente desta disputa que não leva ao melhor para o Brasil", disse Ideli.
"Você disputar o meio ambiente contra a produção, isto não é benéfico para o país. É melhor você harmonizar aquilo que garanta a produção e garanta a preservação."
A derrota no governo só foi possível com a participação de aliados de Dilma na Câmara. Indagada se houve deficiências na articulação do Planalto, Ideli disse ter feito um "apelo" aos líderes dos partidos da base. "Mas é apelo. (Fizemos) tudo o que estava ao nosso alcance".

(Reportagem de Hugo Bachega)